Dilma e Kissinger
Em 1876, o imperador dom Pedro 2º, do Brasil, visitou a Universidade Harvard; foi a primeira visita de um monarca reinante à instituição.
Ele participou da exposição do centenário da independência dos EUA, na Filadélfia, com o presidente Ulysses Grant. Depois fez uma viagem pelo rio Mississipi em barco a vapor, de Saint Louis a Nova Orleans. Voltando de trem, ele visitou as cataratas do Niágara e o Canadá. Chegou a Boston em 8 de junho. Em Harvard, jantou com o poeta Ralph Waldo Emerson, na casa deste em Brattle Street.
Na terça-feira, a presidente Dilma Rousseff visitou Harvard. Falou na Escola Kennedy de Administração Pública. No dia seguinte, Henry Kissinger voltou à sua antiga universidade. Falou no Sanders Theater, parte da magnífica edificação que celebra os alunos de Harvard caídos na Guerra Civil Americana, lutando pela União ou pela Confederação.
Drew Gilpin Faust, reitora de Harvard e primeira mulher a dirigir a universidade, foi criada no vale do Shenandoah, na Virgínia, e é uma historiadora premiada da Guerra Civil Americana. Visitou Kissinger em Nova York e o convidou a voltar a Harvard para discursar na celebração do 375º aniversário da instituição.
A presidente Dilma delineou seus planos para encorajar a ciência e a tecnologia no Brasil. O governo federal pretende patrocinar os estudos de 100 mil jovens brasileiros no exterior.
No ano letivo de 2009/10, havia apenas 9 mil alunos brasileiros em universidades dos EUA, ante 127 mil chineses e 100 mil indianos. Mas o problema básico brasileiro jamais esteve limitado ao ensino superior. Está mais na qualidade horrenda do ensino básico de matemática, ciências e leitura, o que é muito mais difícil de resolver.
Talvez seja a hora certa para que Harvard volte a receber Kissinger, antigo professor na universidade. Ao menos foi esta a decisão da reitora Faust. Mas Kissinger não quis discutir a política que adotou para a América Latina em seu período como assessor de segurança nacional do presidente Nixon e secretário de Estado do presidente Ford.
Entre 1970 e 1972, Dilma Rousseff foi prisioneira do regime militar brasileiro. Era chamada de "Joana d'Arc" dos guerrilheiros marxistas. Sofreu tortura por choque elétrico. Ela sobreviveu, ao contrário de milhares de torturados e "desaparecidos" na Argentina e nas demais nações do Cone Sul latino-americano, depois dos golpes militares ocorridos na região no começo dos anos 70, todos durante o período de Kissinger no poder.
Dilma e Kissinger na Universidade Harvard na mesma semana: eis uma comparação que a reitora Faust talvez não tenha pretendido.
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