Uma colagem de textos de terceiros que eu ache interessante. Este blog sucede as cópias de texto que eram feitas em Voltas em Torno do Umbigo e em Ainda a Mosca Azul. 11/01/2011.
terça-feira, 30 de agosto de 2011
Novos assentamentos: Israel não precisa de um "lebensraum"
Até agora, Israel apoiou a ocupação dos territórios palestinos com base em dois pilares: história e segurança - seu direito a herdar a terra e sua obrigação de defendê-la. Nas últimas semanas, um terceiro pilar foi acrescentado, que em todos esses anos estava escondido sob palhas e detritos. E talvez não seja um pilar, mas uma serpente, cuja cabeça deve ser esmagada enquanto ainda é pequena.
De acordo com a escola de pensamento baseada na história e na fé, a Terra de Israel foi recebida pelo povo judeu das mãos de Deus, e estamos obrigados a tomá-la por inteiro, dada a Aliança de Deus com Abraão. Que foi um grande presente bom, temos de admiti-lo, espalhado do rio do Egito ao grande rio, o Eufrates. Foi garantido em várias ocasiões festivas não apenas a Abraão, mas também aos seus herdeiros. Eventualmente, foi forçada a se reduzir [a Terra], e agora não há verdadeiramente razão para reduzir que não dependa de nossa escolha.
A segunda escola de pensamento, baseada na segurança, estipula que precisamos virtualmente de todos os territórios por uma questão de autodefesa. Sem eles jamais poderemos viver em segurança sem nos sentirmos ameaçados. Portanto, se em algum momento formos obrigados a abrir mão de algumas partes do país, mesmo quando evacuamos só para permanecermos firmes, para sempre em “arranjos de segurança” temporários, mesmo que com uma orientação voltada ao bem estar, como é o caso de Shelly Yachimovich.
Algumas vezes uma escola se sobrepõe a outra e a diferença entre as duas fica borrada. Ocorre frequentemente de membros da escola da segurança - pessoas que não levam uma vida religiosa – colocarem um quipá tricotado e professarem o mesmo estilo messiânico. E o oposto também ocorre: rabinos e estudantes oferecendo razões em nome da segurança como não tivessem apoiados somente na religião.
E agora, no meio do verão, quando os protestos sociais puseram o problema da falta de moradia no centro da agenda, por um tempo, a terceira escola de pensamento está se desenvolvendo e tomando conta. O ministro do Interior – preparando-se para o seu próprio setembro negro – aprova a construção de 1600 unidades de moradias para os ultra ortodoxos no bairro Ramat Shlomo, em Jerusalém, outras 624 em Psigat Ze’ev e 930 em Har Homa Gimmel – todas além da Linha Verde. O ministro da Defesa, Ehud Barak, para quem a proximidade das eleições é uma faca afiada na garganta, aprovou 277 casas no assentamento de Ariel, podem ser estabelecidas quando o seu dia chegar. E 42 membros do Congresso estão pedindo ao Primeiro Ministro Benjamin Netanyahu que alivie o problema da carência de moradia no país via a aceleração de construções nos territórios.
De repente estamos sem espaço aqui em Israel, que está lotado e necessita umLebensraum (espaço vital). Toda pessoa educada sabe que este é um desprezível conceito alemão, banido por causa da associação que traz à tona. Ainda assim, as pessoas estão começando a usá-lo, se não honestamente, com uma clara implicação: estamos perto da terra, estamos perto do ar, deixem-nos respirar neste país.
Quando embarcamos na Guerra dos Seis Dias queríamos remover uma ameaça ou ganhar o controle para nos espalhar? Foi o que ocorreu depois de 44 anos de atoleiro na corrupção moral, que distorce as coisas e nos faz esquecer o objetivo original e substitui-lo por um outro, completamente diferente. Ficamos felizes quando ocupamos a Cisjordânia porque, não o tivéssemos feito, onde iríamos viver? E quem sabe o quanto os preços da moradia não teriam subido? A promessa divina está agora sendo revelada em toda a sua capacidade de profetizar quanto ao setor imobiliário.
Os pais fundadores, ao contrário dos Diadochi, que lutaram por controle depois da morte de Alexandre, o Grande, representavam uma outra visão, em sua maioria. Entre o “devagar se vai longe” e o “não dê um passo maior que as pernas”, eles escolheram dar o passo; eles até concordaram com o plano de partição de 1947, da ONU, por falta de escolha. Eles acreditavam que todos os objetivos do sionismo racional ao estilo Ben Gurion seriam alcançados na “Israel Menor”, o que é mais completo e mais em paz consigo mesmo. E não precisa delebensraum, Deus nos proteja disso.
Texto de Yossi Sarid, para o Haaretz, reproduzido na Agência Carta Maior. Tradução de Katarina Peixoto.
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