Um ano depois, Santos comemora alianças
Presidente da Colômbia conseguiu agregar direita e esquerda e festeja aprovação de 76% com prestígio regional
"Super Santos" mostra força até para sustentar disputas com Álvaro Uribe, de quem foi ministro da Defesa
FLÁVIA MARREIRO
ENVIADA ESPECIAL A BOGOTÁ
Juan Manuel Santos completou ontem um ano no poder na Colômbia comemorando 76% de aprovação, uma megacoalizão no Congresso e prestígio regional.
O "super Santos" hoje tem poderes para entrar em disputa com o antecessor Álvaro Uribe (2002-2010), seu padrinho nas últimas eleições.
Na última semana, e no contexto da prisão de aliados de Uribe, ironizou: "Tenho um novo mantra: não brigar com Uribe. Não brigo com Uribe, não brigo com Uribe".
Uribe havia acusado o governo de fazer "um show" dos inquéritos de corrupção, num novo esperneio pelo Twitter.
As rusgas com o ex-chefe, porém, são anedóticas diante da transmutação de Santos -de gladiador antiguerrilha, como ministro da Defesa uribista, a líder da maior coalizão de partidos da história recente da Colômbia.
No último mês, aderiu ao projeto de "unidade nacional" de Santos o Partido Verde, frágil sigla que serviu de plataforma para o crescimento, em especial entre os jovens, do apoio a seu oponente na campanha presidencial, Antanas Mockus.
Com os verdes, a coalizão governista tem agora 89 dos 103 senadores, um recorde na história recente.
"A habilidade de Santos é conseguir manter postulados econômicos e de segurança de direita e agregar a eles bandeiras de esquerda como o reformismo, a integração latino-americana", escreveu Juanita León, do site de reportagens e opinião "La Silla Vacía". "Salvo quem seja muito de direita ou de esquerda, é difícil não ser 'santista.'"
VÍTIMAS E VIOLÊNCIA
Um trunfo de Santos foi atrair para sua bancada o dividido e tradicional Partido Liberal, opositores de Uribe.
Os votos liberais o tornaram menos refém dos "uribistas puro-sangue" contrários à histórica Lei de Vítimas e Restituição de Terras, aprovada em junho.
Pela lei, o governo reconhece que a Colômbia vive o mais longo conflito armado da América do Sul e prevê ressarcimento e devolução de terras para suas vítimas.
"A Lei de Vítimas é um feito histórico, entre outras coisas porque não estava no programa de governo de Santos", diz o sociólogo Jorge Iván Cuervo Restrepo.
"Mas ter a lei não significa ter a política pública. Para poder implementar as leis que aprovou, Santos está reconstruindo o Estado, o que pode consumir outro ano, e então começarão perguntas sobre sua efetividade", segue.
A reação de grupos paramilitares e guerrilheiros já se fez sentir: ao menos 20 pessoas ligadas à luta pela devolução de terras usurpadas foram mortas neste ano.
O quadro é uma mostra do maior desafio de Santos agora: frear a piora dos números de violência, as ações da guerrilha e de paramilitares e a insegurança urbana.
É cada vez mais consensual a ideia de que as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) se adaptaram à ofensiva militar de Uribe e ampliaram ações armadas.
Por outro lado, a rearticulação de grupos de paramilitares remanescentes, que começou sob Uribe, apresenta efeitos mais consolidados.
Presidente da Colômbia conseguiu agregar direita e esquerda e festeja aprovação de 76% com prestígio regional
"Super Santos" mostra força até para sustentar disputas com Álvaro Uribe, de quem foi ministro da Defesa
FLÁVIA MARREIRO
ENVIADA ESPECIAL A BOGOTÁ
Juan Manuel Santos completou ontem um ano no poder na Colômbia comemorando 76% de aprovação, uma megacoalizão no Congresso e prestígio regional.
O "super Santos" hoje tem poderes para entrar em disputa com o antecessor Álvaro Uribe (2002-2010), seu padrinho nas últimas eleições.
Na última semana, e no contexto da prisão de aliados de Uribe, ironizou: "Tenho um novo mantra: não brigar com Uribe. Não brigo com Uribe, não brigo com Uribe".
Uribe havia acusado o governo de fazer "um show" dos inquéritos de corrupção, num novo esperneio pelo Twitter.
As rusgas com o ex-chefe, porém, são anedóticas diante da transmutação de Santos -de gladiador antiguerrilha, como ministro da Defesa uribista, a líder da maior coalizão de partidos da história recente da Colômbia.
No último mês, aderiu ao projeto de "unidade nacional" de Santos o Partido Verde, frágil sigla que serviu de plataforma para o crescimento, em especial entre os jovens, do apoio a seu oponente na campanha presidencial, Antanas Mockus.
Com os verdes, a coalizão governista tem agora 89 dos 103 senadores, um recorde na história recente.
"A habilidade de Santos é conseguir manter postulados econômicos e de segurança de direita e agregar a eles bandeiras de esquerda como o reformismo, a integração latino-americana", escreveu Juanita León, do site de reportagens e opinião "La Silla Vacía". "Salvo quem seja muito de direita ou de esquerda, é difícil não ser 'santista.'"
VÍTIMAS E VIOLÊNCIA
Um trunfo de Santos foi atrair para sua bancada o dividido e tradicional Partido Liberal, opositores de Uribe.
Os votos liberais o tornaram menos refém dos "uribistas puro-sangue" contrários à histórica Lei de Vítimas e Restituição de Terras, aprovada em junho.
Pela lei, o governo reconhece que a Colômbia vive o mais longo conflito armado da América do Sul e prevê ressarcimento e devolução de terras para suas vítimas.
"A Lei de Vítimas é um feito histórico, entre outras coisas porque não estava no programa de governo de Santos", diz o sociólogo Jorge Iván Cuervo Restrepo.
"Mas ter a lei não significa ter a política pública. Para poder implementar as leis que aprovou, Santos está reconstruindo o Estado, o que pode consumir outro ano, e então começarão perguntas sobre sua efetividade", segue.
A reação de grupos paramilitares e guerrilheiros já se fez sentir: ao menos 20 pessoas ligadas à luta pela devolução de terras usurpadas foram mortas neste ano.
O quadro é uma mostra do maior desafio de Santos agora: frear a piora dos números de violência, as ações da guerrilha e de paramilitares e a insegurança urbana.
É cada vez mais consensual a ideia de que as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) se adaptaram à ofensiva militar de Uribe e ampliaram ações armadas.
Por outro lado, a rearticulação de grupos de paramilitares remanescentes, que começou sob Uribe, apresenta efeitos mais consolidados.
Notícia da Folha de São Paulo, de 8 de agosto de 2011.
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