Em busca de inimigos
Os EUA são muitas vezes criticados por não dedicarem atenção suficiente à América Latina. Nesse estágio da campanha presidencial, os institutos de pesquisa tendem a publicar relatórios, na permanente esperança de que o novo governo, que assumirá em janeiro, leve em conta aquilo que recomendaram.
Mas, dessa vez, o candidato republicano, Mitt Romney, já fez uma declaração concreta sobre qual seria sua política para com a América Latina.
Ele pretende promover "uma política ativa na América Latina, apoiar aliados democráticos e com relacionamento baseado em economia de mercado, conter forças internas desestabilizadoras, como gangues e terroristas, e combater influências externas desestabilizadoras, como o Irã".
Para Cuba, a "estrela-guia" dessa política seria "o sonho realizável de uma Cuba livre". Isso significa "nada de acomodação ou apaziguamento".
Os EUA "não repousarão até o dia em que o regime dos Castro termine e sua história esteja escrita entre as dos mais desprezados déspotas, tiranos e fraudadores do planeta".
Romney promete se afastar do que define como "estratégia de apaziguamento de Obama", que ele vê como "concessão unilateral -e contraproducente- a uma ditadura".
Romney promete reintroduzir as restrições de viagens e remessas de dinheiro a Cuba. Implantará, de fato, a Lei Helms-Burton, a fim de ordenar que a máxima pressão seja exercida contra o regime cubano.
Usará a rádio e TV Marti e a internet para acusar policiais, juízes e funcionários do aparato estatal de segurança, "que serão individualmente responsabilizados por suas ações".
Romney diz que, em seus primeiros cem dias de governo, iniciará uma política de diplomacia e promoção do comércio para criar "uma zona econômica das Américas, ao modelo Reagan". Isso combaterá os modelos de Cuba e da Venezuela.
Pretende estabelecer um grupo unificado de trabalho com todos os países do hemisfério para combater o crime e o terrorismo e adotar ações de inteligência e policiais.
O Brasil não é mencionado na proposta de Romney. Já Chávez merece citação direta. Romney critica Obama por afirmar que "Chávez não representa ameaça para os EUA".
Ele anunciou sua política para a América Latina em Miami e tenta atrair eleitores de origem cubana e exilados venezuelanos, hoje mais de 200 mil e mais de metade deles moradores da Flórida. Legisladores republicanos de origem cubana e que representam a Flórida ocupam posições importantes no Congresso.
Andres Oppenheimer, colunista do "Miami Herald", diz que os EUA estão criando uma situação de "quem é responsável pela perda da América Latina". Romney está bem avançado na busca de inimigos.
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