Redes sociais abrem nova gama de opções para bajular os chefes
LUCY KELLAWAY
DO “FINANCIAL TIMES”
DO “FINANCIAL TIMES”
Matthew é um burocrata britânico esperto e decente. Não o conheço em pessoa, mas conheço um amigo dele.
Esse amigo me enviou um post curto de Matthew no Facebook, no qual ele afirma: "Meu chefe. Um homem sensato e de princípios", e oferece um link para uma entrevista do chefe disponível no YouTube.
Todos sabemos há muito que o Facebook é capaz de destruir carreiras; se você posta comentários negativos sobre sua empresa na internet, pode terminar demitido.
Mas agora é preciso absorver outra mensagem, mais preocupante. Postar bajulações no Facebook pode ser benéfico para quem o faz.
Antigamente, a gama de opções para bajulação era limitada. A prática ficava confinada ao escritório.
No entanto, agora que a divisão entre lar e escritório ficou no passado, a arte do puxa-saquismo está exposta em público para que todos vejam.
Uma boa maneira é postar comentários favoráveis nos blogs da empresa ou no YouTube. Também há o botão de "curtir" do Facebook.
E o LinkedIn oferece a oportunidade de escrever grandes elogios aos superiores. Um advogado da City de Londres que eu conheço tem uma página de perfil repleta de comentários de subordinados para atestar que ele é um líder visionário e um sujeito excelente.
Acima de tudo, as pessoas trocam lisonjas no Twitter. De fato, essa parece ser a principal função do site: uma espécie de grande grupo de apoio instantâneo e eletrônico.
Outro dia, um leitor me escreveu perguntando sobre a nova política dos escritórios na era da internet.
O que ele deveria fazer quanto às dezenas de colegas de posição hierárquica inferior que o convidam a se integrar às suas redes no LinkedIn? Aceitar convites de pessoas relativamente desconhecidas poderia prejudicá-lo?
Procurei o conselho de uma conhecida que leva uma vida de intensa conectividade on-line. Ela disse que não há problema em ter conexões com pessoas de escalão inferior desde que você mencione em seu perfil que é um grande mentor e orientador, o que explica a presença de tanta gente sem muito prestígio em sua rede.
No passado, bajular tinha um inconveniente: isso enojava os demais colegas.
A diferença com a bajulação na internet é que seus colegas provavelmente estão fazendo a mesma coisa e, por isso, por mais que você bajule alguém, não se incomodarão.
Tradução de PAULO MIGLIACCI.
Texto publicado na Folha de São Paulo, de 13 de dezembro de 2011.
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