Então o dinheiro encerrou definitivamente o caso do Sofitel de Nova York. Com exceção de Dominique Strauss-Kahn e de Nafissatou Diallo, ninguém saberá o que se passou exatamente no dia 14 de maio de 2011, na famosa suíte 2806, entre a camareira de hotel e aquele que na época era diretor-geral do Fundo Monetário Internacional e pré-candidato à eleição presidencial francesa de 2012. Ninguém saberá se a "relação sexual precipitada" que ocorreu naquele dia foi forçada ou consentida.
Por falta de provas materiais suficientemente convincentes, a procuradoria de Nova York arquivou o caso no plano penal no dia 23 de agosto de 2011. Restava o plano civil. Agora está resolvido: os advogados das duas partes chegaram, no dia 10 de dezembro, a um acordo financeiro que coloca um fim a esse
escândalo internacional. Tal procedimento é muito frequente nos Estados Unidos; ele é recoberto, de forma igualmente banal, por uma cláusula de absoluto sigilo sobre o montante da transação.
Cai o pano sobre essa peça infame. Resta uma desconcertante e humilhante desordem. Para Strauss-Kahn, evidentemente. Usando todos os recursos da justiça americana, ele não assumiu o risco de um julgamento público – e portanto nunca foi completamente inocentado. Obrigado a se retirar em condições degradantes da direção do FMI, assim como a abandonar qualquer ambição política, ele deixará a imagem indelével de um dos homens mais poderosos do mundo saindo algemado da delegacia do Harlem para ser jogado na penitenciária de Rickers Island.
Para sua família, refém de seus ímpetos e de suas gafes. Para seu entourage, prisioneiro, se não cúmplice, de suas imprudências. "Imprudências", entre elas o caso do Carlton de Lille – no qual ele foi indiciado por "proxenetismo agravado por formação de quadrilha", à espera de uma decisão da corte de apelação de Douai, que deve ocorrer antes do Natal – que forneceu mais uma demonstração.
E por fim, para Nafissatou Diallo, 33, essa jovem, mãe de uma pequena menina, oriunda da Guiné e que foi obrigada a deixar seu trabalho no Sofitel.
Nos últimos dezoito meses ela viveu reclusa, protegida pela justiça americana mas rejeitada por sua comunidade, à espera da resolução de um caso que virou sua vida de cabeça para baixo.
Assim, o dinheiro comprou o silêncio e permitiu negociar a extinção do processo da justiça americana. Permitiu assinar uma paz pouco gloriosa.
Mas o dinheiro não lavará a indignidade. Nem para Dominique Strauss-Kahn, nem para Nafissatou Diallo. A vida de um foi arruinada. Impiedosamente. Por sua falha, sua "falha moral", como ele mesmo admitiu à televisão, em setembro de 2011. A vida da outra agora deve ser reconstruída. Para ela, era o mínimo que podia ser feito.
Cai o pano sobre essa peça infame. Resta uma desconcertante e humilhante desordem. Para Strauss-Kahn, evidentemente. Usando todos os recursos da justiça americana, ele não assumiu o risco de um julgamento público – e portanto nunca foi completamente inocentado. Obrigado a se retirar em condições degradantes da direção do FMI, assim como a abandonar qualquer ambição política, ele deixará a imagem indelével de um dos homens mais poderosos do mundo saindo algemado da delegacia do Harlem para ser jogado na penitenciária de Rickers Island.
Para sua família, refém de seus ímpetos e de suas gafes. Para seu entourage, prisioneiro, se não cúmplice, de suas imprudências. "Imprudências", entre elas o caso do Carlton de Lille – no qual ele foi indiciado por "proxenetismo agravado por formação de quadrilha", à espera de uma decisão da corte de apelação de Douai, que deve ocorrer antes do Natal – que forneceu mais uma demonstração.
E por fim, para Nafissatou Diallo, 33, essa jovem, mãe de uma pequena menina, oriunda da Guiné e que foi obrigada a deixar seu trabalho no Sofitel.
Nos últimos dezoito meses ela viveu reclusa, protegida pela justiça americana mas rejeitada por sua comunidade, à espera da resolução de um caso que virou sua vida de cabeça para baixo.
Assim, o dinheiro comprou o silêncio e permitiu negociar a extinção do processo da justiça americana. Permitiu assinar uma paz pouco gloriosa.
Mas o dinheiro não lavará a indignidade. Nem para Dominique Strauss-Kahn, nem para Nafissatou Diallo. A vida de um foi arruinada. Impiedosamente. Por sua falha, sua "falha moral", como ele mesmo admitiu à televisão, em setembro de 2011. A vida da outra agora deve ser reconstruída. Para ela, era o mínimo que podia ser feito.
Texto de Le Monde, reproduzido no UOL. Tradução de Lana Lim.
Nenhum comentário:
Postar um comentário