terça-feira, 15 de março de 2011

Bahrein é ocupado por forças sauditas

Bahrein é ocupado por forças sauditas

Oposição bareinita, que realiza protestos antirregime há mais de um mês, diz que ação é 'guerra não declarada'

Maioria de xiitas do país exige reformas políticas do regime, cuja família real é sunita, bem como nos vizinhos sauditas

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

Numa manobra vista pela oposição bareinita como uma invasão que pode levar a uma "guerra não declarada", mais de mil soldados da Arábia Saudita e 500 policiais dos Emirados Árabes Unidos entraram ontem no território do Bahrein.
Com mais de 150 veículos blindados, a ação ocorreu a pedido da família real do Bahrein, de origem sunita, como reforço à repressão dos protestos da maioria xiita por democracia e pela saída do rei Hamad bin Isa al Khalifa.
Na praça Pérola, no centro da capital Manama, milhares gritavam "não à ocupação", enquanto as tropas cruzavam a ponte que liga a Arábia Saudita ao Bahrein.
Embora a força militar atue sob a égide do Conselho de Cooperação do Golfo (CGC), do qual o Bahrein é membro e que inclui ainda o Qatar, o Kuait e Omã, a oposição bareinita viu a ação como uma ocupação militar que "coloca em perigo o povo desarmado".

GUERRA DE FORÇAS
O governo dos EUA evitou criticar a ação e disse não se tratar de uma invasão, embora a Casa Branca tenha reiterado que defende o diálogo político como a melhor maneira para lidar com a onda de protestos no país.
Washington negou ainda que tivesse endossado a ação da Arábia Saudita -um de seus maiores aliados regionais e contraponto à presença do Irã na região-, mas admitiu ter sido "informada".
Em Teerã, a Chancelaria iraniana defendeu o direito de protesto da maioria xiita bareinita e chamou o país a impedir a intervenção externa, que "deve somente complicar a situação".
A maioria das dinastias que governam os países do golfo Pérsico é sunita, e o Irã, país persa de maioria xiita, tem dado demonstrações de incentivo aos manifestantes bareinitas.
Governistas no Bahrein acusam os xiitas que tomaram parte dos protestos de agir em nome de Teerã, que disputa com Riad a ascendência política e econômica sobre a região.
De posse das maiores reservas de petróleo do planeta, a Arábia Saudita produz mais de 8 milhões de barris por dia e é também o maior exportador e produtor entre os membros da Opec (Organização dos Países Produtores de Petróleo).
Preocupado com a possibilidade de que a revolta no país vizinho incentive sua própria minoria xiita a fazer protestos semelhantes, a Arábia Saudita optou pela ação militar vista por analistas como uma possível ascensão de "policial regional" em meio à onda de revoltas em países do Oriente Médio e do Norte da África.


Notícia da Folha de São Paulo, de 15 de março de 2011

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