HAVANA (Reuters) - Cuba concluiu na quarta-feira a libertação dos 75 presos políticos condenados em 2003, aliviando as críticas ao governo por violação dos direitos humanos no país, de regime comunista. Mas a Anistia Internacional pediu às autoridades maiores garantias para os opositores.
Cuba tinha acusado os 75 dissidentes de conspirar com uma potência estrangeira para desestabilizar o governo. O processo foi encerrado na quarta-feira com a libertação dos dois últimos.
"Continuarei a luta pacífica, não violenta, para contribuir para a reivindicação de uma mudança em Cuba pela via democrática e buscando que o governo admita a oposição pacificamente", declarou Félix Navarro, um dos dissidentes libertados, em uma conversa telefônica com a Reuters.
Tanto Navarro como José Daniel Ferrer, ambos condenados a 25 anos de prisão, chegaram a suas casas na quarta-feira.
"A luta agora será com mais veemência, mas também com mais maturidade", acrescentou Navarro, pouco depois de ser solto.
As libertações se deram após um inédito acordo mediado no ano passado pela Igreja Católica com o governo do presidente Raúl Castro, que ganhou impulso após crescentes críticas internacionais sobre violações de direitos humanos por causa da morte do preso político Orlando Zapata durante uma greve de fome.
Gerardo Ducos, um especialista da Anistia Internacional, instou na quarta-feira as autoridades a garantir a atuação da oposição na ilha, segundo informou a entidade em seu site (www.es.amnesty.org).
"O que queremos agora é que as autoridades cubanas não obriguem os ativistas a se exilarem como condição para deixá-los livres, que todos os ativistas pró-direitos humanos possam levar adiante seu trabalho legítimo sem medo de ameaças, intimidação, novas prisões ou julgamentos injustos", disse a entidade.
O governo da ilha sustenta que não responderá a pressões nem chantagens e que a libertação "foi uma decisão soberana."
No momento do acordo com a Igreja permaneciam na prisão 52 opositores do grupo inicial de 75 condenados em 2003 a penas entre 6 e 28 anos de detenção. O restante havia sido solto por razões de saúde.
Quarenta aceitaram a proposta do governo de viajar para a Espanha com sua família e 12 negaram-se a ir para o exílio.
A Igreja também anunciou na terça-feira a libertação em breve do dissidente Néstor Rodríguez Lobaina, cuja soltura havia sido pedida recentemente pela Anistia Internacional.
(Reportagem de Nelson Acosta e Jeff Franks)
Notícia da Reuters, publicada no UOL.
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