Em cerimônia realizada na rua Tutoia, o virtual presidente Jair Bolsonaro apresentou os pilares de seu governo: "Tenho dito que o objetivo é fazer o Brasil semelhante ao que era há 40, 50 anos", discursou. Em seguida, ergueu uma folha de papel sulfite em que aparecia um slogan mimeografado: "O Brasil voltou, 50 anos em 4".
Em seguida, Bolsonaro apresentou seu plano de metas.
1. Em 1968 tudo era melhor. O Brasil tinha uma população de cerca de 70 milhões de pessoas. Hoje somos mais de 200 milhões. Minha primeira medida será liberar o porte de arma para, logo no primeiro ano de governo, reduzir a população a um terço.
2. Em 1968 o Brasil não tinha fraudes nas urnas eletrônicas por um simples motivo: não havia eleições. São estratégias militares como essa que resolvem problemas complexos de maneira simples.
3. Em 1968 o brasileiro abria os jornais e não via escândalos de corrupção. Não havia fake news corrompendo nossas ilibadas reputações. A maneira mais eficiente de combater a corrupção é censurar a imprensa. Em nome da segurança nacional, também vamos suspender a internet, os celulares, o teletrim e o fax.
4. Em 1968 o AI-5 foi implementado. O ato revolucionário continua moderno e será resgatado pelos motivos a seguir:
4.1. Acabou com a palhaçada de habeas corpus. Homens direitos tinham total autonomia para impôr a ordem sem mimimi dos direitos humanos.
4.2. Num corte de custos exemplar, que respeitou o dinheiro do contribuinte, o Congresso e as assembleias legislativas foram fechados.
5. Em 1968 não tinha Lei Rouanet. Artista bom era artista preso, como foram Caetano e Gil. Ou, mais à frente, exilados, como Geraldo Vandré, Chico Buarque, Glauber Rocha e tantos outros.
6. Em 1968 ninguém se preocupava com a Venezuela. Nem com qualquer outro país da América do Sul. A não ser os artistas que, por isso, foram exilados.
7. Em 1968 não havia Bolsa Família. A economia andava na linha: redução do salário mínimo e aumento das desigualdades sociais. Tudo funcionando para os ricos ficarem mais ricos e assim não encherem o saco batendo panelas.
CONTADOR
Estamos trabalhando há 226 dias sem saber quem matou —e quem mandou matar— Marielle Franco. Em 1968 não havia sequer espaço para surgir uma Marielle Franco.
Reprodução de coluna de Renato Terra, na Folha de São Paulo.
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