segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Generosidade gera colapso


Grande volume de doações cria colapso na Cruz Vermelha

Galpões da instituição no Rio têm material espalhado pelo chão e garrafas de água expostas ao sol forte

Desorganização e falta de espaço se devem à falta de voluntários e ao grande número de roupas, diz diretora 

FABIA PRATES
DO RIO

A grande quantidade de donativos que chega à Cruz Vermelha, no Rio, para ser entregue às vítimas das chuvas na região serrana está provocando caos e desorganização nos espaços usados para acomodar o material.
No pátio da sede da instituição, no centro , litros de água estavam expostos ao sol forte da tarde de ontem, quando a temperatura chegou aos 39,7 C. Havia ainda colchões e muitas sacolas espalhadas pelo chão.
Do lado de fora de um galpão usado como depósito na zona norte havia roupas penduradas, água exposta ao sol e sapatos jogados no chão.
Ali, o interior de dois galpões estava abarrotado de sacolas de roupa, mais água, colchões, alimentos, brinquedos, além de material de limpeza e higiene pessoal.
Rosely Sampaio, diretora-executiva da Cruz Vermelha, disse que o grande fluxo de doações interferiu na logística. "Normalmente, nossos parceiros que fazem doações avisam antes para que a gente se prepare para receber. Nesse caso, há uma comoção grande e todo mundo vem direto aqui. Criou um colapso."
Contêineres cedidos estão sendo usados para guardar doações no pátio do prédio.
A instituição busca outros espaços no Rio para armazenar o material e enviá-lo conforme a demanda dos municípios, que também estão com superlotação.
A estimativa da instituição é que as vítimas das enchentes continuem necessitando de ajuda pelos próximos oitos meses, mas não se sabe se a quantidade de doações recebida já seja suficiente.
Desde 13 de janeiro, a todo momento chegam carros e caminhões com donativos. Falta espaço, explica Sampaio, sobretudo por haver grande quantidade de roupas entre as doações. Além de não serem mais necessárias, elas ocupam muito espaço.
Ontem, um caminhão com donativos de funcionários da Petrobras voltou com 960 kg de roupa. Só alimentos, água e material de limpeza e higiene pessoal foram recebidos.
A redução dos voluntários, que apareceram em grande número logo após a tragédia, também é responsável pelo caos, diz Sampaio.
Outras entidades também recolhem donativos, mas o trabalho não tem coordenação do Estado.



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