Recebi tantas mensagens dos leitores comentando a coluna "O sexo das mulheres mais velhas", que sou obrigada a voltar ao assunto, especialmente para retratar as angústias masculinas. Seguem três mensagens que recebi:
"Muitas vezes estou exausto, só quero dormir, mas minha mulher não entende. Ela me xinga de velho broxa, ou me acusa de estar tendo um caso com uma periguete. Até os 50, transávamos duas, três vezes por semana. Mas agora, com 60, no máximo duas por mês. É uma transa mais por obrigação, só para bater o ponto. Vejo o mesmo acontecendo com alguns amigos. Uma falta de tesão total. Mas eles têm vergonha de aceitar que estão broxas".
"Fui educado para transar o tempo todo, para acreditar que o macho de verdade é o garanhão, o galinha, que não perde qualquer oportunidade. Todo mundo cobra uma alta performance sexual dos homens: as mulheres, os amigos e especialmente nós mesmos. É muita pressão. É difícil admitir que estou velho, que prefiro dormir um pouco mais em vez de transar".
"Você tocou em um assunto tabu: a possibilidade de ser feliz sem sexo. Se isso é polêmico para as mulheres, imagina para os homens. Mas vou te dizer uma coisa: sou feliz com a minha mulher, somos casados há mais de cinco décadas, e nem lembro mais quando foi a nossa última noite de amor. A maioria dos meus amigos discorda de mim. Não entendem porque não tomo Viagra. Mas eu não tenho vergonha de confessar para você: os homens também podem ser felizes sem sexo".
O tom das mensagens foi semelhante: eles se sentem cobrados para terem um comportamento sexual ativo durante toda a vida, inclusive em momentos de doença, exaustão e estresse. E, diferentemente das mulheres, muitos sofrem calados, por vergonha e medo do estigma de não corresponderem ao ideal de ser "um homem de verdade".
Será que um homem brasileiro pode ser feliz sem sexo?
Texto de Mirian Goldenberg, na Folha de São Paulo.
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