sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Senador Mario Couto do PSDB acusado de xingar mulher de 'preta', 'safada', 'macaca'...

No dia 13 de agosto último, o senador Mário Couto (PSDB-PA) e seus cabos eleitorais faziam campanha pelas ruas da cidade de Salinópolis (PA) assediando moradores para pregar cartazes do candidato a prefeito demotucano Di Gomes (PSDB) em suas casas.

Edisane Oliveira, 34 anos, não permitiu a colagem de cartazes no muro de sua casa. Isso irritou o tucano, conhecido pelo temperamento explosivo, que bateu boca com Edisane e, segundo depoimento dela na polícia:

- o senador tucano a xingou de "preta", "safada", "macaca", "vagabunda", e outros palavrões;

- ela disse que revidou com outras agressões verbais;

- o tucano mandou prendê-la, alegando ter sido "desrespeitado como senador da República";

- os fatos ocorreram diante de várias testemunhas;

Foi então levada à delegacia, prestou depoimento, e depois foi liberada. Inconformada e ofendida com os xingamentos, Edisane, no mesmo dia, resolveu processar o senador tucano por racismo.

O promotor de Justiça de Salinópolis, Mauro Mendes de Almeida, remeteu o inquérito policial para o Supremo Tribunal Federal (STF), já que o senador tem foro privilegiado, e quem decide se abre ou não processo é o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, a quem a queixa crime será remetida pelo STF.

A mão pesada da injustiça a favor do poderoso senador tucano, correligionário do governador do estado Simão Jatene (PSDB), voltou a se fazer presente 11 dias depois da cidadã dar queixa por racismo.

No dia 24, fiscais da Agência de Defesa Agropecuária do Estado Pará (Adepará) e da Delegacia de Polícia do Meio Ambiente fecharam um pequeno açougue de propriedade de Ivanildo de Lima Correa, companheiro da denunciante. Ele foi preso em flagrante sob a acusação de manter 42 quilos de carne e frango "impróprios para consumo", acondicionados em um freezer.

"Até hoje não entendi porque fui preso. Em julho, a vigilância sanitária esteve no meu estabelecimento, que é legalizado, viu a carne e o frango estocados do mesmo freezer e nada viu de ilegal. Agora, entraram lá e jogaram creolina em cima dos alimentos e depois levaram para incinerar. Estou me sentindo perseguido, pressionado até o pescoço", queixou-se Correa, por telefone, ao [jornal] Estado. 

Ele ficou na cadeia durante oito dias, sem dinheiro para pagar a fiança, arbitrada pela polícia em 30 salários mínimos.

Só foi solto, após um acordo com o senador tucano para reduzir o valor a um salário, pago pelo próprio Couto.

"Eu quero saber como isso vai ficar, O senador pagou, mandou me soltar e até me deu um advogado", declarou o açougueiro.

Por telefone, o senador contou ao Grupo Estado uma outra versão, afirmando que foi ofendido por Edisane Oliveira e que um cabo eleitoral que estava na carreata foi agredido por ela com palavras racistas, chamado de "preto", "macaco" e "ladrão". Ele negou ter mandado prender a mulher e que dias depois foi procurado por ela, que queria se desculpar pelo que tinha acontecido. "A questão é política, ela apoia o atual prefeito e eu, outro candidato", disse Couto, que também rebate e acusação de ter mandado prender o açougueiro e os alimentos que ele vendia em seu estabelecimento. "Foi a Adepará que foi lá e viu carne estragada que ele vendia. Estava tudo podre", acrescentou, garantindo que nada tem a ver com o fato de a polícia prender Correa em flagrante.

Ao ser informado de que a promotoria de Salinópolis havia encaminhado o inquérito para o STF e que caberá ao procurador-geral da República decidir se irá processá-lo, o senador foi irônico: "que bom, estou morrendo de medo por causa disso". (Com informações da Agência Estado)


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