Pode parecer normal, mas o fato de ir a uma igreja influi no estado
emocional das pessoas. Dissemos que pode parece normal porque, hoje, são
tantos os apelos que a tecnologia oferece que assistir a uma missa ou a
um culto evangélico poderiam ter aumentado a distancia entre o ser
humano e a simples fé.
Ao contrario. As mirabolantes opções de lazer, de informar-se, de
fazer novas amizades oferecidas pelo milagre da internet, não
conseguiram anular o apelo e a necessidade de paz espiritual do ser
humano. Pelo menos para uma faixa de mulheres de mais de 50 anos. O fato
de rezarem sustentou principalmente sua maneira de encarar o mundo.
Quem frequenta igreja ou culto religioso tem uma visão existencial mais
otimista. E esse é um dado científico.
Um estudo recente da Women’s Heath Iniciative mostrou que assistir a
serviços religiosos com regularidade torna a pessoa menos depressiva e
menos cínica.
Esse estudo vem sedo feito desde 2008 e baseou-se em entrevistas com
92.559 mulheres pós-menopáusicas de mais de 50 anos. Foi publicado esta
semana no Journal of Religion and Health.
Espero que algum outro instituto de pesquisa faça o mesmo com homens
com idade superior aos 50 anos (portanto na faixa de risco de câncer
prostático), e que algum professor que não precisa ser dos States, pode
ser da USP, tente me explicar porque, sempre que se aproxima o Natal,
mês de festas e alegria, eu vou ficando cada vez mais triste,
melancólico.
No ano passado, fiquei sabendo um anuncio enorme colocado tinha sido
colocado junto ao Túnel Lincoln que conecta Nova York com Nova Jersey e
foi fotografado por várias agencias de notícias. O anuncio dizia que o
Natal era um mito e acrescentava…” este ano, celebre a razão, não o
mito”.
Jornais da época calcularam que a associação American Atheists gastou
uns 20 mil dólares para colocar o anúncio num dos pontos mais visíveis
para quem entra na cidade. David Silverman, presidente da associação,
disse que a mensagem era dirigida aos 50 milhões de ateus dos EUA.
A primeira reação, contudo, viria da Liga Católica de Nova York.
Gastou cerca de 18 mil dólares numa peça similar, colocada na entrada do túnel de Manhattan.
O problema é que, por mais apelo que contenham, nenhum dos dois anúncios me atingem.
Primeiro porque, embora batizado na Igreja Católica, nunca renunciei
ao título, muito comum no Brasil, de “católico não praticante”.
Segundo, porque eu jamais me inscreveria numa associação de ateus militantes. Deus me livre (oops …).
Mas sei que não estou sozinho nessa onda de melancolia natalina, tenho certeza que não estou.
E não tem nada a ver com a mercantilização do Natal. Se alguém disser
que eu acabo de ver Papai Noel montado numa rena voadora, eu desminto
no ato. E ponho a culpa num certo exagero no uísque.
O problema é uma tristeza indefinida, que vem não sei de qual parte
da alma. Lembro de um Natal – já faz alguns anos, muitos anos, na hora
do brinde, notei a falta de um dos meus queridos amigos, o Franz. Fui
encontra-lo na cozinha, chorando como criança.
Abracei-o e choramos os dois. Por que, diabos (oops…) ?
Texto da Tão Gomes, no sítio da CartaCapital.
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