sexta-feira, 23 de julho de 2021

Por que os psicopatas genocidas não usam máscara?


Sempre me perguntam: “Será que os brasileiros ficarão melhores depois que a pandemia terminar?”

Sinceramente, não sei como responder. Gostaria de dizer que sim, que a tragédia que estamos vivendo provocou uma profunda transformação e seremos melhores no mundo pós-pandemia.

Mas, pelo que observo ao redor, não tenho muita esperança.

Sabe aquele amigo que só te procura quando precisa de algum “favorzinho”? E que quando recebe um sonoro não, reage indignado: “Nossa, como você é egoísta. São só cinco minutinhos. O que custa?”. E que, apesar de mais de 540 mil mortes, repete como um fanático negacionista que a Covid é só uma gripezinha?”

Conhece aquela amiga que só liga para reclamar que o restaurante favorito dela fechou e que está exausta de tanto procurar uma cozinheira? E se faz de vítima porque engordou dez quilos e o marido não quer mais transar? E se vangloria de ter tomado a Pfizer e “não a porcaria da vacina comunista”?

E o vizinho que grita “mito” quando todos estão batendo panelas? E entra no elevador sem máscara e te xinga de cagão pois acha frescura e mimimi cumprir as recomendações da ciência? E ainda faz festas barulhentas para atormentar os vizinhos?

Ou a cunhada que posta vídeos no grupo da família no WhatsApp exibindo a bunda no espelho: “A bundinha continua durinha apesar dos brochas e maricas”? E dissemina fake news sobre “a mamadeira de piroca” e discursos velhofóbicos: “Os velhos têm que morrer mesmo. Vai ser até bom para a previdência. Eles são um peso para o Brasil”?

E por aí vai. Eles se tornaram piores com a pandemia? Ou sempre foram assim?

Os psicopatas genocidas e seus cúmplices saíram do armário. Tiraram as máscaras e passaram a exibir a “pior versão de si mesmos”: egoístas, mesquinhos, mentirosos, covardes, desumanos, asquerosos, insensíveis, intolerantes, ignorantes, inúteis, tóxicos, destrutivos, preconceituosos, abusivos, violentos e sádicos. Eles fazem mal para a saúde e gozam com a dor dos brasileiros.

Estou fazendo uma “faxina ampla, geral e irrestrita” na minha vida e deletando todos os egoístas, inúteis, vampiros, parasitas e sanguessugas que só reclamam, odeiam e destroem; que se acham o centro do universo e só se preocupam com o próprio umbigo; e que não sabem escutar, compreender e cuidar de quem mais precisa.

Você com certeza conhece algum vampiro, não é mesmo? Se quiser falar sobre a “faxina pandêmica” que precisa fazer para se proteger dos que sugam a sua saúde física e emocional, prometo que não conto para ninguém.

Felizmente, tive a sorte de conhecer mulheres e homens maravilhosos que se tornaram parceiros no meu projeto de vida: construir uma bela velhice e lutar contra a velhofobia no Brasil. Eles escolheram ser “a melhor versão de si mesmos”: cuidam de muita gente; alimentam a alegria, o amor e a saúde dos amigos e familiares. Não gastam tempo com bobagens, reclamações e brigas, e buscam ter uma vida com significado. Eles me provaram que, apesar da proliferação dos psicopatas genocidas, existem brasileiros que valorizam a reciprocidade, o reconhecimento, a compreensão, o cuidado, a generosidade, o caráter e o propósito de vida. Eles me ensinaram a arte de “escutar bonito”.

Em um momento de tristeza, sofrimento e desesperança, sou grata por ter amigos e amores com quem posso compartilhar o meu mantra: “Unidos venceremos! Tamojuntos!”


Texto de Mirian Goldenberg, na Folha de São Paulo

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