sexta-feira, 23 de julho de 2021

Dono da Riachuelo é indicado ao prêmio Maria Antonieta de asneira rica


Temendo que a reforma tributária tire qualquer centavo de seu patrimônio, o empresário Flavio Rocha fez um pedido de socorro. Em entrevista à Folhao dono da Riachuelo alertou: “Taxar grandes fortunas reduz a desigualdade, mas empobrece os ricos”.

Rocha é um grande candidato ao prêmio Maria Antonieta de asneira dita por ricos. Talvez nem a imperatriz francesa fosse capaz de dar tal declaração. Pelo menos, ela oferecia brioches aos súditos. Mesmo assim, a gente sabe no que deu.

Mas, como disse Rocha, se aumentassem os impostos, a vida ficaria muito dura para os ricos. Se taxassem grandes fortunas, talvez alguns milionários não pudessem mais comprar jatinhos particulares à vista. Provavelmente teriam que parcelar em cinco ou seis vezes. Ou encarariam a dura realidade de viajar de primeira classe. Realmente, seria difícil dividir uma luxuosa cabine de avião com outros ricos, enquanto a maioria da população mal consegue pagar o transporte público.

Ao aumentar os tributos dos milionários e bilionários, alguns deles teriam que adiar, só por alguns meses, o sonho de comprar um apartamento com elevador de carro, para estacionar o próprio veículo na sala. Seria dura a realidade dessas pessoas, de ter que pegar um elevador a pé e não dormir junto com o carro, enquanto 6,9 milhões de famílias estão sem um teto para morar.

Caso os ricos pagassem mais impostos, alguns deles teriam de enfrentar o drama de fazer um downgrade no modelo de helicóptero. Imaginem quão duro seria ir ao trabalho com uma aeronave com apenas uma turbina, em vez de duas. Ou, pior, ter que encarar uma Faria Lima de carro. Isso enquanto quase 15 milhões de brasileiros em idade ativa estão desempregados.

Se taxassem grandes fortunas, alguns brasileiros, poucas dezenas, não acumulariam US$ 219,1 bilhões, quase o PIB do país. Seria muito trágico ter que pagar 10% a mais de impostos, o que geraria R$ 122 bilhões para os cofres públicos.

Se pagassem mais impostos, alguns milionários ficariam um pouco mais pobres. Mas veriam mais pessoas com moradia, vacina, comida e escola. Quem sabe, assim, almas como a de Flavio Rocha ficariam um pouco mais ricas.


Texto de Flavia Boggio, na Folha de São Paulo

Nenhum comentário:

Postar um comentário