Uma matéria do jornal "The New York Times", publicada na Folha, aponta um fenômeno que tenho observado nas minhas pesquisas: "o sono é o novo sexo".
Muitas mulheres que entrevistei sofrem com a insônia constante. Elas estão insatisfeitas, exaustas, estressadas e deprimidas.
Para elas, a dupla jornada feminina é coisa do passado. Hoje, elas têm múltiplas jornadas e novas exigências profissionais e familiares. As pressões sociais também se multiplicaram. Além das excessivas demandas, compromissos e cuidados com os filhos, marido, casa, pais, sogros, cunhados, irmãos e amigos, e da cobrança para serem excelentes profissionais, elas ainda devem ser magras, bonitas, saudáveis, sensuais, interessantes, divertidas etc. Também precisam ser bastante atuantes no Facebook, Instagram, grupos do WhatsApp, acompanhar as notícias nacionais e internacionais, assistir a filmes e a peças recomendados, ler os livros indicados entre inúmeras outras tarefas impossíveis de serem realizadas por um único ser humano. E, pior ainda, elas não se sentem reconhecidas pelo enorme esforço que fazem para cumprir todos estes papeis da melhor forma possível. Afinal, o que elas mais escutam é: "você não faz mais do que a sua obrigação".
Na interminável lista de tarefas cotidianas que elas precisam cumprir, o sexo passou a ser mais uma obrigação. Elas afirmam que falta tempo, energia e disposição para o sexo. O sexo não é algo tão simples para elas como parece ser para os homens. Elas precisam se desligar de todos os problemas e preocupações, o que é quase impossível para a maioria das mulheres. O sexo, para muitas, deixou de ser um prazer e passou a ser mais um dever para satisfazer o parceiro, algo que rouba alguns minutos preciosos do seu desejado sono.
Não é por acaso que elas estão muito frustradas, ansiosas e angustiadas. Elas invejam e se comparam com outras mulheres que são mais magras e bonitas, esposas, mães e profissionais exemplares e que ainda conseguem transar três ou quatro vezes por semana. Elas estão sofrendo por se sentirem um verdadeiro fracasso como mulher. E ainda têm pânico que o parceiro busque outra mulher para satisfazer seu desejo sexual.
Você também trocaria o sexo por uma boa noite de sono?
Texto de Mirian Goldenberg, na Folha de São Paulo.
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