Minha prisão foi um 'clique'. Antes, eu minimizava o caso, fingia que não era nada demais. Antes, não seria capaz de pedir ajuda.
Minha irmã tem filhas pequenas, poderia ter virado as costas para mim. Mas, felizmente, decidiu me ajudar.
Consegui uma suspensão condicional da pena por ter um bom emprego e um bom advogado. Minha irmã me encaminhou para a associação L'Ange Bleu [na França]. Seu apoio foi essencial.
Hoje, na terapia, tento não só reprimir meu desejo, mas entender por que sinto isso. O foco do tratamento é nas minhas relações sociais, nos meus bloqueios. Aos poucos, vamos descobrindo coisas reveladoras, surgem respostas.
O medo de me relacionar com adultos está desaparecendo devagar. Ainda não consigo me relacionar amorosamente com ninguém. Sou tímido com as mulheres.
As reuniões de grupo da associação também são muito úteis. Além de poder conversar com pessoas na mesma situação que eu, posso ajudar quem acabou de chegar.
Jamais pensei em abusar de uma criança, meu desejo nunca saiu da penumbra do meu apartamento. Já tive oportunidade de agir, e não fiz nada.
Apesar do tratamento, não acredito que serei curado. Espero encontrar uma pessoa bacana e viver uma vida normal de casal, mas mantendo minha fantasia escondida. Isso é bem frequente.
Condeno os agressores sexuais. Se consigo me controlar, por que não eles?"
Hugo*, 35, é francês e trabalha em uma empresa de transportes.
Depoimento publicado na Folha.com .
Nenhum comentário:
Postar um comentário