Estupro reflete choque entre diferentes Índias
Por LYDIA POLGREEN
Por LYDIA POLGREEN
GHAZIABAD, Índia - Os jovens namorados se encontraram em local isolado ao lado de campo de trigo na periferia deste grande subúrbio de Nova Déli, onde a Índia atemporal dos campos de mostarda e carroças puxadas por bois faz fronteira com edifícios de apartamentos da nascente classe média. Foram para o lugar em busca de solidão; em vez disso, se viram no violento ponto de encontro da velha e da nova Índia.
Ali, segundo a polícia, cinco jovens bêbados de um povoado agrícola próximo abordaram o casal, espancando o rapaz e estuprando a mulher. Foi o mais recente de uma série de ataques sexuais brutais na capital indiana e sua periferia crescente.
Em cada um dos casos, houve um choque explosivo entre a cidade grande, em rápido processo de modernização, e a cultura rural conservadora, acuada, cada vez mais invadida pela capital. Quase invariavelmente, as vítimas são mulheres jovens, instruídas e que têm profissões, pessoas que desfrutam de uma liberdade que era desconhecida até mesmo uma década atrás. Os acusados quase sempre são jovens que abandonaram a escola e residem nos povoados vizinhos, onde mulheres que trabalham fora de casa são vistas como destituídas de pudor e, por essa razão, merecedoras de assédio e até mesmo estupro.
Essa atitude tem feito de Nova Déli a cidade grande mais perigosa da Índia, para as mulheres. As autoridades dizem que o índice de crimes violentos contra mulheres chegou a cair em Déli nos últimos quatro anos. Mas a imensa maioria dos crimes não chega a ser denunciada, dizem ativistas dos direitos das mulheres e a própria polícia. Para eles, o choque entre a cidade, cada vez mais cosmopolita, e a zona tradicional que a cerca está se agravando.
O homem era engenheiro de uma companhia de alta tecnologia, com salário suficiente para dispor de uma motocicleta e um laptop. A jovem era contadora de uma fábrica de roupas; tinha seu próprio celular e conta de e-mail.
Os agressores viviam no vilarejo de Raispur, a menos de dois quilômetros do complexo residencial bem organizado onde o rapaz dividia um apartamento com seus pais, mas eles fazem parte de uma Índia diferente. Nenhum deles concluiu a escola secundária. As ruelas de seu povoado cheiram a estrume de vaca.
Vijay Kumar Singh, o policial sênior que investigou o estupro, contou que, em 5 de fevereiro, um rapaz chegou à sua delegacia policial para denunciar o roubo de seu celular e laptop. Quando ele afirmou que os objetos tinham sido roubados perto de campos agrícolas isolados na periferia da cidade, Singh ficou desconfiado.
O denunciante acabou admitindo que levara sua namorada à área isolada para que pudessem ficar a sós, e que cinco homens o haviam espancado, além de estuprado sua namorada. A polícia identificou um dos agressores como um malfeitor chamado Tony, residente em Raispur. "Ele foi tão desavergonhado que relatou o que aconteceu, sem sentimento de remorso", contou Singh.
A polícia prendeu os cinco rapazes e os acusaram de estupro e roubo. Ela tentou convencer a moça a denunciar os agressores, oferecendo proteção.
A vítima enviou uma resposta curta por e-mail: "A polícia não poderá me devolver minha honra". Mais tarde, seu irmão a descobriu tentando enforcar-se. Singh disse que, sem provas físicas ou depoimento, a acusação de estupro não se sustentará.
Um episódio semelhante ocorrido em Déli em novembro teve um final muito diferente. Homens em uma picape sequestraram e estupraram uma mulher que trabalhava em um centro de trabalho terceirizado, depois de um táxi tê-la deixado perto de seu apartamento, juntamente com sua colega de quarto.
A mulher estava ansiosa por processar os estupradores. Investigadores localizaram e prenderam cinco homens, e provas de DNA praticamente asseguraram que eles serão condenados.
O vice-comissário de polícia H.?G.?S. Dhaliwal estima que apenas um em cada dez estupros cometidos na região de Déli chega a ser denunciado à polícia. "É muito difícil fazer isso no contexto indiano, mas é preciso denunciar o crime para a polícia."
Ali, segundo a polícia, cinco jovens bêbados de um povoado agrícola próximo abordaram o casal, espancando o rapaz e estuprando a mulher. Foi o mais recente de uma série de ataques sexuais brutais na capital indiana e sua periferia crescente.
Em cada um dos casos, houve um choque explosivo entre a cidade grande, em rápido processo de modernização, e a cultura rural conservadora, acuada, cada vez mais invadida pela capital. Quase invariavelmente, as vítimas são mulheres jovens, instruídas e que têm profissões, pessoas que desfrutam de uma liberdade que era desconhecida até mesmo uma década atrás. Os acusados quase sempre são jovens que abandonaram a escola e residem nos povoados vizinhos, onde mulheres que trabalham fora de casa são vistas como destituídas de pudor e, por essa razão, merecedoras de assédio e até mesmo estupro.
Essa atitude tem feito de Nova Déli a cidade grande mais perigosa da Índia, para as mulheres. As autoridades dizem que o índice de crimes violentos contra mulheres chegou a cair em Déli nos últimos quatro anos. Mas a imensa maioria dos crimes não chega a ser denunciada, dizem ativistas dos direitos das mulheres e a própria polícia. Para eles, o choque entre a cidade, cada vez mais cosmopolita, e a zona tradicional que a cerca está se agravando.
O homem era engenheiro de uma companhia de alta tecnologia, com salário suficiente para dispor de uma motocicleta e um laptop. A jovem era contadora de uma fábrica de roupas; tinha seu próprio celular e conta de e-mail.
Os agressores viviam no vilarejo de Raispur, a menos de dois quilômetros do complexo residencial bem organizado onde o rapaz dividia um apartamento com seus pais, mas eles fazem parte de uma Índia diferente. Nenhum deles concluiu a escola secundária. As ruelas de seu povoado cheiram a estrume de vaca.
Vijay Kumar Singh, o policial sênior que investigou o estupro, contou que, em 5 de fevereiro, um rapaz chegou à sua delegacia policial para denunciar o roubo de seu celular e laptop. Quando ele afirmou que os objetos tinham sido roubados perto de campos agrícolas isolados na periferia da cidade, Singh ficou desconfiado.
O denunciante acabou admitindo que levara sua namorada à área isolada para que pudessem ficar a sós, e que cinco homens o haviam espancado, além de estuprado sua namorada. A polícia identificou um dos agressores como um malfeitor chamado Tony, residente em Raispur. "Ele foi tão desavergonhado que relatou o que aconteceu, sem sentimento de remorso", contou Singh.
A polícia prendeu os cinco rapazes e os acusaram de estupro e roubo. Ela tentou convencer a moça a denunciar os agressores, oferecendo proteção.
A vítima enviou uma resposta curta por e-mail: "A polícia não poderá me devolver minha honra". Mais tarde, seu irmão a descobriu tentando enforcar-se. Singh disse que, sem provas físicas ou depoimento, a acusação de estupro não se sustentará.
Um episódio semelhante ocorrido em Déli em novembro teve um final muito diferente. Homens em uma picape sequestraram e estupraram uma mulher que trabalhava em um centro de trabalho terceirizado, depois de um táxi tê-la deixado perto de seu apartamento, juntamente com sua colega de quarto.
A mulher estava ansiosa por processar os estupradores. Investigadores localizaram e prenderam cinco homens, e provas de DNA praticamente asseguraram que eles serão condenados.
O vice-comissário de polícia H.?G.?S. Dhaliwal estima que apenas um em cada dez estupros cometidos na região de Déli chega a ser denunciado à polícia. "É muito difícil fazer isso no contexto indiano, mas é preciso denunciar o crime para a polícia."
Com reportagem de Hari Kumar
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