Sexo ainda é um tabu. Fala-se muito sobre liberdade sexual, mas, na realidade, muitos estão insatisfeitos com suas vidas sexuais.
Pesquisando sobre mulheres, de diferentes idades, encontrei quatro possíveis classificações para seus desejos e comportamentos.
1. Mulheres que gostam de sexo e o fazem quando querem, tanto com parceiros fixos quanto com eventuais— os aplicativos de paquera têm facilitado o sexo casual. Estão satisfeitas com sua vida sexual.
2. Mulheres que não gostam de sexo e não o fazem quando não querem. Algumas foram casadas e têm filhos e, com mais idade, decidiram se aposentar nesse departamento e aproveitar o tempo para realizar outros prazeres.
Esses dois grupos se sentem livres com suas escolhas, apesar de sofrerem preconceitos, pressões e estigmas sociais. As primeiras podem ser xingadas de vadias, periguetes, assanhadas e coisas piores. As segundas, de histéricas, frias, doentes, anormais.
Existe uma enorme distância entre falar livremente sobre sexo e fazer sexo com prazer. Encontrei outros dois grupos que não se sentem livres para realizar o próprio desejo.
3. Mulheres que gostam, mas não fazem sexo quando querem. Afirmam que têm vergonha do próprio corpo, culpa, cansaço, falta de tempo, de oportunidade, de coragem, de iniciativa e, também, falta de homem.
4. Mulheres que não gostam, mas fazem sexo quando não querem. Dizem que têm dificuldade para dizer não, sentem-se obrigadas, têm medo de desagradar e perder o parceiro.
É óbvio que o desejo pode mudar ao longo da vida. Dependendo das circunstâncias, e das experiências, uma mesma mulher pode se encaixar nos diferentes tipos: gosta e não faz; não gosta mas faz; gosta e faz; não gosta e não faz.
Com a ambiguidade dos nossos desejos e com o imperativo de uma performance "normal e saudável", o sexo pode ser um prazer ou uma prisão.
Texto de Mirian Goldenberg, na Folha de São Paulo.
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