A cidade da Itália que tem pior reputação é Nápoles. O bairro da cidade com um estigma mais profundo se chama Scampia. Os conjuntos habitacionais mais temidos de Scampia são Las Velas. Ao chegar aqui, o zoom da má fama continua penetrando por vidros quebrados, montanhas de detritos, elevadores que não funcionam há anos, escadas pichadas com palavras de amor ou de vingança e restos das fortalezas de ferro construídas pelas ferozes famílias da Camorra, até se deter em sombras que se movem pelo porão com uma seringa cravada no braço.
Isto, e mais dezenas de tiroteios e de mortos, é o que todo mundo conheceu por meio de "Gomorra", primeiro o livro, depois o filme e agora a série de televisão inspirada na investigação do jornalista Roberto Saviano sobre a Máfia napolitana.
Mas quando, no meio dessa paisagem de desespero, tudo parece predestinado à derrota contínua, ouvem-se passos subindo e alguém que cantarola em napolitano, essa bela versão do italiano que traz em seu interior, como uma caixa-preta da história, a recordação dos gregos, normandos, espanhóis e até dos ianques que desembarcaram na Segunda Guerra Mundial e ainda não se foram.
É Vincenzo, um jovem ex-presidiário que como todos os dias vem vender pão a Carmela Imparato, mãe de duas filhas pequenas, separada do marido que não lhe paga pensão e faxineira ocasional de casas alheias. O único trabalho fixo que alguns de seus vizinhos oferecem a Carmela é o de caixa dos lucros da droga. "Eles me dariam 50 euros por dia se eu guardasse o dinheiro em minha casa, e muito mais se escondesse alguma droga de vez em quando."
Mas Carmela, apesar de com frequência ter de mandar suas filhas dormir sem jantar, sempre diz que não. E de sua negativa, de sua decisão e de suas razões tão simples como água limpa, parte um novo zoom que, deixando as sombras do subsolo e atravessando a memória atroz de várias décadas de guerras da Máfia, tenta superar com dificuldade a maldição da má fama.
Não é fácil. O bairro de Scampia está ligado ao destino de Nápoles, e essa cidade - a mais populosa do sul da Itália, a que registra as maiores taxas de desemprego de todo o país - também é a "capital mundial do estereótipo, a ponto de que quando o time de futebol vai jogar em qualquer outra cidade italiana a torcida rival não provoca os jogadores, e sim os napolitanos".
A reflexão, pronunciada a modo de irônicas boas-vindas, pertence ao professor de filosofia moral Giuseppe Ferraro. Ninguém como ele, cuja vocação é acender o pavio da curiosidade tanto nas classes como nas prisões, para explicar por que o bairro de Scampia, além de sofrer os efeitos das guerras da Máfia e as consequências midiáticas da obra de Saviano, se transformou com o passar dos anos no protótipo da degradação. A conversa se desenrola durante um passeio pelas ruelas do Bairro Espanhol, lugar onde o perigo e a beleza estão felizmente casados há séculos.
"A primeira coisa que se deve levar em conta", explica Ferraro, "é que os edifícios chamados Las Velas - por sua semelhança com o perfil de um veleiro - foram construídos no início da década de 1970 para descongestionar outros bairros da cidade. Pretendia-se que o interior dos blocos fosse uma reprodução moderna do centro histórico, com seus becos e pracinhas, mas desde o início se transformou em um bairro de deportação. Os moradores que foram enviados para lá ou que ocuparam as casas devido ao terremoto de 1980 sofreram depois o desterro, a perda de identidade. E isso foi especialmente grave em uma cidade onde, por exemplo, em cada bairro se fala o napolitano com um sotaque diferente. A diversidade de sotaques ajuda a situar as pessoas dentro de uma cidade que é o reino da estratificação. Se entrarmos nessa igreja, você verá que por baixo existe uma cidade idêntica, com as mesmas ruelas que na superfície, herança viva dos gregos, dos espanhóis... A mesma mistura e a mesma confusão de cima sobrevivem também embaixo. Para ser sincero, quando me afasto da cidade, do que mais sinto falta é o mar... e a confusão."
As ruas do Bairro Espanhol vão marcando o compasso para as palavras do professor Ferraro. Palácios magníficos do século 17 divididos em apartamentos de aluguel antigo ou inexistente, habitados por pessoas que nunca sentiram necessidade de sair do bairro e que passeiam pela rua de pijama, entre o estrondo das motocicletas sem escapamento nem placa, montadas por rapazes sem capacete que se persignam diante de um nicho com a estátua da Virgem enfeitada de flores de plástico.
"Esta cidade", diz o professor para explicar a rebeldia que se torna patente em cada esquina, "nunca se governou a si própria. Desde sua história grega, romana, espanhola, ou mesmo nos tempos modernos, jamais teve um governo presidido por alguém daqui. E isso se revelou cômodo, porque assim cada napolitano interiorizou que as instituições estão sempre contra, que são o adversário, que é preciso combatê-las."
Giuseppe Ferraro recorda que o escritor americano Herman Melville, ao passar pela cidade, maravilhou-se de que os canhões de Fernando 2º das Duas Sicílias, o Rei Bomba, não estivessem apontados para o mar, e sim para a cidade: "Era a prova de que o inimigo estava dentro". A cultura da Camorra vem de uma estrutura muito antiga de clãs já existentes no tempo dos Bourbon, onde cada zona tinha um "capo" e onde existiam a alta e a baixa Camorra, a aristocrática e a popular, com a mesma mentalidade embora com interesses diferentes.
É algo que, como muitas outras coisas em Nápoles, não mudou através dos séculos. Seja pelo lado de fora da lei ou pelo de dentro, o napolitano sempre vê na autoridade um sinônimo de opressão, daí sua inclinação - que acompanha de um certo prazer - a circular na contramão dos semáforos e das regras.
"Ah, e outras duas coisas antes que você vá a Scampia."
"Diga-me, professor."
"A primeira é que deve levar em conta que nesta cidade só existe o presente. O passado é presente, e até mesmo a morte está incluída no presente. Quando o Nápoles venceu o segundo 'scudetto' [o campeonato nacional de 1989-1990, com Maradona como capitão], os rapazes foram ao cemitério e penduraram um cartaz: 'Queridos avós, vocês não sabem o que perderam'. No dia seguinte, apareceu outro cartaz no mesmo lugar, que respondia: 'Quem disse?' Não esqueça, esta cidade está sempre no limite de sua própria loucura."
"E a segunda coisa que não devo esquecer?"
"O fato terrível de que Nápoles é uma cidade bela. Bela demais. E já disse Rilke em uma de suas elegias que 'a beleza não é senão o princípio do terrível'. A beleza gera violência."
No caminho de Scampia, Nápoles vai se despojando da beleza e também da picardia cotidiana - o taxista combina um preço para desligar o taxímetro e não ter de pagar ao patrão, um rapaz pede na saída do metrô os bilhetes usados para revendê-los a outros viajantes - para misturar-se na feiura dos bairros transbordados e dos delitos com maiúscula.
Michele Spina diz que Scampia não é mais o que era quando ele chegou, em 2007, para chefiar a delegacia de polícia e que, já então, havia deixado de ser o maior supermercado europeu da droga. A terrível "faida" - guerra interna - que enfrentou em 2004 e 2005 o poderoso clã de Paolo Di Lauro com um grupo de dissidentes dirigidos por Raffaele Amato e chamados de "scissionisti" ou "os espanhóis" - porque Amato havia passado um tempo refugiado na Espanha - deixaram mais de uma centena de mortos nas ruas de Scampia e do bairro vizinho de Secondigliano.
"É preciso lembrar", disse o comissário Spina a bordo de um carro de patrulha a caminho de Scampia, "que por culpa do terremoto de 1980 um bairro que havia sido projetado para 80 mil habitantes foi invadido de repente por mais de 100 mil pessoas, muitas delas sem trabalho e bastantes com antecedentes policiais. No entanto, até 1997 não se criou a delegacia do bairro. O resultado era previsível: Scampia, e em especial Las Velas, se transformaram em um gueto desde o primeiro momento. Durante aqueles 17 anos sem lei, a Camorra assumiu o controle absoluto diante da impotência das pessoas de bem, muito mais numerosas, mas incapazes de reagir diante da força intimidatória do grupo organizado e das armas. O rígido sistema de controle do território ainda continuava intacto quando eu entrei em Las Velas pela primeira vez. Agora vou lhe explicar em campo."
A fisionomia de Las Velas é inconfundível. Uma parte se deve ao projeto do arquiteto Franz Di Salvo: sete edifícios gigantescos - dos quais três já foram demolidos - pintados cada um de uma cor, de forma triangular, de tal maneira que por fora se assemelhassem ao velame de uma embarcação e por dentro recriassem os becos de Nápoles, onde as vozes dos moradores e os odores da comida recém-feita se confundem a ponto de que bairros inteiros se fecham sobre si mesmos até se transformar em um só pátio de convivência.
Mas a razão de sua incorporação ao imaginário coletivo - sua aterrissagem definitiva na má fama - se deve à televisão e ao cinema. Las Velas serviram de cenário para o filme "Gomorra", dirigido em 2008 por Matteo Garrone, e para a atual série de televisão produzida na Itália e já vendida a mais de 50 países.
"Minha mensagem ao chefe foi clara: se quiser vender droga, esconda-se. Não pode fazer isso como um negócio normal." Michele Spina, comissário de polícia de Nápoles.
"Os grupos mafiosos", explica o delegado Spina já nos corredores míticos de Gomorra, "ocupavam as casas de forma militar, expulsavam seus inquilinos e as invadiam. Depois trocavam a porta original e a substituíam por uma blindada. Então faziam um pequeno buraco, uma espécie de guichê, de tal modo que do exterior não se pudesse identificar quem vendia lá de dentro os envelopes de entorpecentes à fila de viciados que esperavam no corredor. Dentro e fora do edifício, nos sótãos, nos balcões, nas entradas, os sentinelas permaneciam alertas diante da eventual aparição da polícia ou dos 'carabinieri'. Diante de qualquer suspeita, davam o sinal de alarme com uma palavra que nos últimos tempos era 'vattene', um grito breve, sonoro, imediato: 'vattene, vattene, vattene!'" A voz do comissário de multiplica pelos edifícios que, mesmo devorados pela sujeira e o abandono, continuam alojando cerca de 400 famílias, os últimos náufragos - e algum pirata - de naves que nunca chegaram a flutuar.
"Ao ouvir o alarme", continua o delegado Spina, "o que estava vendendo a droga escapava e fazia desaparecer a mercadoria, às vezes pelos sistemas - assim continuam a chamá-los, "sistemas" - mais sofisticados ou mais grosseiros, desde um falso degrau na escada que era ativado por um comando à distância a um ralo postiço colocado em uma casa livre de suspeita. O problema era que, quando davam o alarme e fechavam os portões de ferro com que haviam blindado o edifício, nós ficávamos fora, mas também os outros moradores", diz.
"Só eles tinham a chave. Por isso eram os donos. Não me esqueço de uma vez em que, durante a operação, com eles trancados dentro e nós a esperá-los fora, chegou uma senhora idosa, com sacolas de compras na mão. Fazia frio. O interfone não funcionava porque eles o haviam queimado, assim como danificaram os elevadores para que não pudéssemos subir. Seu marido, idoso, não a escutava e não podia descer para ajudá-la." A situação estava travada como em uma partida de xadrez na qual qualquer movimento implicaria a perda de uma peça, mas a senhora continuava lá, de pé, passando frio. O delegado Spina - um desses italianos capazes de transformar o relato da guerra em algo mais interessante que a própria guerra - decidiu suspender a operação para que a senhora pudesse subir, mas jurou voltar. Tinha de fazer o que fosse preciso para quebrar aquela cena grotesca, o Estado e a cidadania impotentes, pasmos, diante do poder da Camorra.
"Vamos, 'ragazzi' (garotos)..."
O comissário Spina, um verdadeiro personagem de Nápoles, é agora o inventor e responsável por um projeto chamado Aracne - "do mito grego de Aracne, a corajosa garota que a deusa Minerva transformou em aranha por tecer melhor que ela" - para combater, e sobretudo prevenir, a criminalidade em toda a cidade de Nápoles. Spina comanda as "gazelas" - os carros-patrulha - e os "falcões" - as duplas de policiais à paisana, sem capacete, sobre motos potentes - que conseguiram reduzir as estatísticas de furtos, assaltos, roubos a bancos e joalherias.
Da chefatura, as patrulhas recebem o apoio de um sistema de câmeras que inclui o subsolo da cidade. Mas nesta manhã de sábado o doutor Spina - como é chamado por todos, de um lado e de outro da lei - voltou à delegacia de Scampia para acompanhar seus velhos companheiros em uma inspeção dos pontos de venda de drogas. Um helicóptero sobrevoa a área. A situação parece tranquila.
"Quando cheguei aqui, as filas de dependentes de droga rodeavam o edifício", lembra o delegado. "As pessoas que levavam os filhos ao colégio tinham de passar sobre elas porque muitas se injetavam aqui mesmo. Não é que o problema tenha desaparecido [as seringas usadas que vamos pisando são testemunhas], mas a situação melhorou radicalmente."
Depois daquela tarde em que a senhora e o comissário ficaram plantados na porta de uma das Velas, a forma de combater os grupos da Camorra que controlavam a área - e que na época eram dirigidos pelo clã Abbinante - sofreu uma virada, digamos, pouco ortodoxa.
"Eu percebi que por mais operações que fizéssemos nada punha em risco os locais de venda", recorda o chefe policial. "O exemplo é a Operação Morena, uma grande operação. Fizemos uma irrupção ruidosa em um dos edifícios, praticamos revistas sem resultado e depois fomos embora fazendo mais ruído do que ao entrar. Quando eles voltaram a se sentir seguros, gritaram a palavra habitual, 'taposto!', que queria dizer 'tudo em ordem', mas tínhamos deixado alguns dos nossos lá dentro - no teto dos elevadores - e várias câmeras colocadas. Vimos ao vivo como vendiam droga e a quantidade de dinheiro - 80 mil euros por dia em um só ponto de venda - que conseguiam manipular. O caso é que conseguimos filmá-los e gravar seus telefonemas. Certa manhã, antes do amanhecer, caímos sobre eles e detivemos 33."
Antes de deixar o bairro, um agente da brigada de Spina escreveu em uma parede uma mensagem de desafio aos clãs: "-33". No outro dia a pichação continuava lá, mas alguém a havia retocado até transformá-la em uma mensagem de resposta: "+88". O jogo continua.
"Por isso fiz o que fiz", conclui o delegado Michele Spina. "Não era uma coisa muito ortodoxa, não se tratava sequer de uma ação própria da polícia. Dediquei-me a quebrar os pontos de venda. Enquanto meus homens continuavam fazendo investigações e as operações de rigor, eu me apresentava com os bombeiros nos edifícios que lhes serviam de pontos de venda e destruía as barricadas de aço que os clãs tinham levantado. Tiramos as portas blindadas, serramos as grades, sequestramos os cães de vigilância que tinham soltado pelos pátios... A mensagem era clara: se quiser vender droga, esconda-se. Não pode fazer isso de modo aberto, como se fosse um negócio normal e aquele fosse seu edifício. Minha mensagem ao chefe do clã ficava clara; não estou disposto a tolerar que aquela senhora, ou outras como ela, tenham de esperar com as sacolas no frio que você resolva abrir a porta."
O aspecto de Las Velas continua sendo um mostruário do inferno. Os quatro edifícios que seguem de pé e que serviram de estúdio para "Gomorra" continuam acumulando lixo, canos arrebentados pelos quais cai água constantemente, passarelas podres que ameaçam despencar. Os apartamento mais altos - vazios porque não há quem suba ali sem elevador e com as escadas cada vez mais sujas - são um triste monumento ao que poderia ter sido e não foi. Os apartamentos de mais de 100 metros quadrados, com lareira na sala e grandes terraços voltados para o Vesúvio, só servem como depósito de colchões velhos, roupa imprestável e escombros.
Nos andares mais baixos continuam vivendo os moradores que não conseguiram levantar voo. Rosaria e sua filha Annalisa, que tem 27 anos, nasceu e cresceu aqui, namorou aqui e, depois de um longo noivado como os de antigamente, dentro de dois meses dará à luz seu primeiro filho. Elas não apareceram no filme, nem na série.
"Somos pessoas comuns", quase se desculpa Rosaria em seu apartamento limpo e organizado, "como a maioria de nossos vizinhos. Moramos aqui porque não podemos ir para outro lugar. Não pagamos luz nem água, porque não temos com quê. Quando minha mãe, que descanse em paz, podia pagar, pagava. Durante anos, durante toda a minha vida, ouvimos os tiros, as batidas da polícia, as brigas dos 'junkies' na escada."
Rosaria e Annalisa oferecem um café, um copo de água, e contam que juntas no sofá viram o filme e a série surpresas, quase como o delegado Spina viu pela primeira vez ao vivo a venda de droga, por meio de suas microcâmeras. A violenta, luxuosa, trepidante vida dos outros à qual eles nem foram convidados nem quiseram aderir, extras honrados sem qualquer pagamento. "O que o filme conta é verdade", atreve-se a dizer Rosaria, "mas não toda."
A outra verdade é menos fotogênica, mas não menos importante. De um tempo para cá, personagens tão díspares quanto o professor Ferraro, o delegado Spina, Ivo Poggiani, o líder de um coletivo anti-Camorra chamado (R)esistenza, que trabalha nos terrenos confiscados à Máfia, ou Vittorio Passeggio, o porta-voz do Comitê de Las Velas de Scampia - cujo local tem um desenho de Hugo Chávez na porta -, estão empenhados em que Vincenzo, o padeiro, não volte a cair nos crimes que o levaram à prisão, e que os rapazes que toda tarde jogam futebol ao pé dos blocos - Luigi, Massimo, Salvatore e Angelo - não caiam nas redes dos clãs, ou que Rosaria e Annalisa possam seguir o exemplo de Carmela Imparato, a mãe de duas meninas que de vez em quando tem de fechar a porta aos donos da droga.
"Nós lhe damos 50 euros por dia para guardar o dinheiro. Muito mais pela droga." Carmela quase não fala italiano, mas o napolitano lhe sobra para explicar suas razões: "É uma questão de princípios. Eu nasci aqui e daqui não consegui sair, mas me educaram na dignidade, e isso é o que eu quero para minhas filhas. Oferecem-me dinheiro por minha boa fama, porque sabem que a polícia - que também sabe que sou uma pessoa honesta - nunca buscaria dinheiro nem droga em minha casa."
A importância está na fama, boa ou má. E por isso todos os entrevistados têm uma espinha encravada com "Gomorra", o livro, depois o filme, depois a série... Luigi de Magistris, um ex-juiz que desde 2011 é o prefeito de Nápoles, lhes dá razão: "Todo mundo reconhece o mérito de Roberto Saviano ao denunciar a Camorra. Inclusive eu, quando alguns se opuseram a que desse autorização para rodar o filme, me neguei a qualquer tipo de censura. Mas é verdade que há um certo pecado de omissão quando se conta o que fazem os mafiosos e nunca a rebelião constante, cada vez mais poderosa, das pessoas comuns para seguir em frente. A verdade é que não conseguimos nos livrar do peso da má fama."
O delegado Spina, de volta no carro-patrulha, com o charuto apagado na boca, fica olhando para as silhuetas imponentes de Las Velas: "Lembram-me o conto de Monterroso: 'Quando acordou, o dinossauro ainda estava lá'." O peso da má reputação. A maldição de Nápoles.