Uma das obrigações do colunista de um grande jornal é criar polêmicas. Sei que o Brasil já está imerso em um monte de polêmicas e extremamente polarizado, dividido entre bolsonaristas e comunistas, palmeirenses e corintianos, terraplanistas e redondistas, mas acho que, a esta altura do campeonato, uma polêmica a mais ou a menos não vai fazer muita diferença. Sendo assim, lanço aqui mais uma questão que certamente vai polarizar as opiniões: a discussão sobre a legitimidade ou não de se tomar cerveja no gargalo, direto da garrafa.
Nas últimas décadas, este se tornou um hábito muito difundido e, inclusive, vem sendo estimulado pela indústria cinematográfica e pelos meios de comunicação em geral. A todo momento vemos nos filmes, séries, comerciais e telejornais, vários personagens, e também ministros, deputados, senadores, policiais, bandidos, milicianos e até mesmo cidadãos de bem, todos tomando a sua cervejinha pelo gargalo, dispensando o uso do copo. Como todo mundo sabe, ou deveria saber, a cerveja é uma bebida espumante e por isso deve ser despejada num copo, de modo que sua espuma também seja alvo da degustação dos cervejistas.
Até agora não sabemos qual é o posicionamento dos filhos do presidente sobre essa questão crucial pra o futuro do país e da humanidade, mas achamos conveniente que as autoridades sanitárias lancem uma campanha do tipo "O Ministério da Saúde adverte: beber cerveja pelo gargalo faz mal à cerveja".
Pronto, foi dado o pontapé inicial. Agora é só acompanhar, nas redes sociais, a briga de foice que vai acontecer entre os gargalistas e os colarinhistas.
Texto de Reinaldo Figueiredo, na Folha de São Paulo.
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