segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Sobre salários e estruturas, por Delmar Bertuol

A Secretaria Estadual de Educação contrata estudantes para darem aula. Sim, acadêmicos de licenciatura a partir do 4º semestre (em muitos casos isso é menos da metade do curso) podem dar aulas para até o Ensino Médio no Rio Grande do Sul. Por que o Estado contrata esses estudantes e lhes dá regência de classe? Porque muitos profissionais formados não querem trabalhar na Educação Básica Estadual. E por que não querem? Porque o Estado paga mal.
O Governo Federal está contratando médicos estrangeiros formados para atuarem no interior do Brasil. Por que o Governo Federal está importando esses profissionais? Porque muitos médicos brasileiros não querem trabalhar no interior. E por que não querem? Porque preferem ficar nos grandes centros urbanos, onde ganham o mesmo salário.
Um professor em fim de carreira no Rio Grande do Sul, depois de talvez ter sofrido algumas agressões físicas e com certeza ter sofrido diversas agressões morais ganha no máximo, chutando alto, R$ 3.500,00. Um recém contratado ganha metade disso.
O Governo Federal está oferecendo salário de R$ 10.000,00 para os médicos atenderem no interior. Os “doutores” acusam o Estado de escravidão.
Os hospitais não têm infraestrutura adequada e faltam materiais.
Nas escolas, ocorre o mesmo fenômeno.
Quando eu estava no 4º semestre fui Professor no Estado. Meus colegas me receberam com alegria. Disseram-me que há tempos faltava Professor de História, que eu fosse muito bem-vindo.
Um médico cubano não no 4º semestre, mas formado, foi recebido com vaias pelos novos colegas brasileiros. Disseram que ele era desnecessário aqui.
Muitos idealistas defendem que o salário de um professor deveria ser no mínimo de R$ 10.000,00. Uma Lei Nacional garante R$ 1.500,00. O Rio Grande do Sul não cumpre a lei. Se os professores entram em greve reivindicando isso e melhor infraestrutura nos educandários, são tachados de desocupados. Sabiam que a vida de professor era miserável. Por que aceitaram trabalhar nisso?
Muitos idealistas defendem que os médicos deveriam ter uma Carreira de Estado, tal quais juízes e promotores. Claro que o salário se equipararia. Mais de R$ 20.000,00. Se um professor guardasse seu salário por um ano, chegaria fácil fácil nessa cifra. Quando os médicos fazem greve reivindicando isso e melhor infraestrutura nos hospitais, são aplaudidos pela média conservadora. São heróis.

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